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O que é?
Evidências
indicam mais e mais fortemente que a esquizofrenia é um severo transtorno
do funcionamento cerebral.A Dra Nancy Andreasen disse: "As atuais evidências
relativas às causas da esquizofrenia são um mosaico: a única
coisa clara é a constituição multifatorial da esquizofrenia.
Isso inclui mudanças na química cerebral, fatores genéticos
e mesmo alterações estruturais. A origem viral e traumas encefálicos
não estão descartados. A esquizofrenia é provavelmente
um grupo de doenças relacionadas, algumas causadas por um fator, outras,
por outros fatores".
A questão sobre a existência de várias esquizofrenias e
não apenas uma única doença não é um assunto
novo. Primeiro, pela diversidade de manifestações como os sub-tipos
paranóide, hebefrênico e catatônico além das formas
atípicas, que são conhecidas há décadas.
Como Começa?
A esquizofrenia pode desenvolver-se gradualmente, tão lentamente que
nem o paciente nem as pessoas próximas percebem que algo vai errado:
só quando comportamentos abertamente desviantes se manifestam. O período
entre a normalidade e a doença deflagrada pode levar meses, há pacientes que desenvolvem esquizofrenia rapidamente,
em questão de poucas semanas ou mesmo de dias. A pessoa muda seu comportamento
e entra no mundo esquizofrênico, o que geralmente alarma e assusta muito
os parentes.
Pode
começar repentinamente e eclodir numa crise exuberante, como começar
lentamente sem apresentar mudanças extraordinárias, e somente
depois de anos surgir uma crise característica.
Geralmente a esquizofrenia começa durante a adolescência ou quando
adulto jovem. Os sintomas aparecem gradualmente ao longo de meses e a família
e os amigos que mantêm contato freqüente podem não notar nada.
É mais comum que uma pessoa com contato espaçado por meses perceba
melhor a esquizofrenia desenvolvendo-se. Geralmente os primeiros sintomas são
a dificuldade de concentração, prejudicando o rendimento nos estudos;
estados de tensão de origem desconhecida mesmo pela própria pessoa
e insônia e desinteresse pelas atividades sociais com conseqüente
isolamento. A partir de certo momento, mesmo antes da esquizofrenia ter deflagrado,
as pessoas próximas se dão conta de que algo errado está
acontecendo. Nos dias de hoje os pais pensarão que se trata de drogas,
os amigos podem achar que são dúvidas quanto à sexualidade,
outros julgarão ser dúvidas existenciais próprias da idade.
Psicoterapia contra a vontade do próprio será indicada e muitas
vezes realizada sem nenhum melhora para o paciente. A permanência da dificuldade
de concentração levará à interrupção
dos estudos e perda do trabalho. Aqueles que não sabem o que está
acontecendo, começam a cobrar e até hostilizar o paciente que
por sua vez não entende o que está se passando, sofrendo pela
doença incipiente e pelas injustiças impostas pela família.
É comum nessas fases o desleixo com a aparência ou mudanças
no visual em relação ao modo de ser, como a realização
de tatuagens, piercing, cortes de cabelo, indumentárias estranhas e descuido
com a higiene pessoal. Desde o surgimento dos hippies e dos punks essas formas
estranhas de se apresentar, deixaram de ser tão estranhas, passando mesmo
a se confundirem com elas. O que contribui ainda mais para o falso julgamento
de que o filho é apenas um "rebelde" ou um "desviante
social".
Muitas vezes não há uma fronteira clara entre a fase inicial com
comportamento anormal e a esquizofrenia propriamente dita. A família
pode considerar o comportamento como tendo passado dos limites, mas os mecanismos
de defesa dos pais os impede muitas vezes de verem que o que está acontecendo;
não é culpa ou escolha do filho, é uma doença mental,
fato muito mais grave.
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O Diagnóstico
Não há um exame que diagnostique
precisamente a esquizofrenia, isto depende exclusivamente dos conhecimentos
e da experiência do médico, portanto é comum ver conflitos
de diagnóstico. O diagnóstico é feito pelo conjunto de
sintomas que o paciente apresenta e a história como esses sintomas foram
surgindo e se desenvolvendo. Existem critérios estabelecidos para que
o médico tenha um ponto de partida, uma base onde se sustentar, mas a
maneira como o médico encara os sintomas é pessoal. Um médico
pode considerar que uma insônia apresentada não tenha maior importância
na composição do quadro; já outro médico pode considerá-la
fundamental. Assim os quadros não muito definidos ou atípicos
podem gerar conflitos de diagnóstico. |
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Alucinações - as mais comuns nos esquizofrênicos são
as auditivas. O paciente geralmente ouve vozes depreciativas que o humilham,
xingam, ordenam atos que os pacientes reprovam, ameaçam, conversam entre
si falando mal do próprio paciente. Pode ser sempre a mesma voz, podem
ser de várias pessoas podem ser vozes de pessoas conhecidas ou desconhecidas,
podem ser murmúrios e incompreensíveis, ou claras e compreensíveis.
Da mesma maneira que qualquer pessoa se aborrece em ouvir tais coisas, os pacientes
também se afligem com o conteúdo do que ouvem, ainda mais por
não conseguirem fugir das vozes. Alucinações visuais são
raras na esquizofrenia, sempre que surgem devem pôr em dúvida o
diagnóstico, favorecendo perturbações orgânicas do
cérebro.
Delírios - Os delírios de longe mais comuns na esquizofrenia são
os persecutórios. São as idéias falsas que os pacientes
têm de que estão sendo perseguidos, que querem matá-lo ou
fazer-lhe algum mal. Os delírios podem também ser bizarros como
achar que está sendo controlado por extraterrestres que enviam ondas
de rádio para o seu cérebro. O delírio de identidade (achar
que é outra pessoa) é a marca típica do doente mental que
se considera Napoleão. No Brasil o mais comum é considerar-se
Deus ou Jesus Cristo.
Perturbações do Pensamento - Estes sintomas são difíceis
para o leigo identificar: mesmos os médicos não psiquiatras não
conseguem percebê-los, não porque sejam discretos, mas porque a
confusão é tamanha que nem se consegue denominar o que se vê.
Há vários tipos de perturbações do pensamento, o
diagnóstico tem que ser preciso porque a conduta é distinta entre
o esquizofrênico que apresenta esse sintoma e um paciente com confusão
mental, que pode ser uma emergência neurológica.
Alteração da sensação do eu - Assim como os delírios,
esses sintomas são diferentes de qualquer coisa que possamos experimentar,
exceto em estados mentais patológicos. Os pacientes com essas alterações
dizem que não são elas mesmas, que uma outra entidade apoderou-se
de seu corpo e que já não é ela mesma, ou simplesmente
que não existe, que seu corpo não existe.
Negativos
Falta de motivação e apatia - Esse estado é muito comum,
praticamente uma unanimidade nos pacientes depois que as crises com sintomas
positivos cessaram. O paciente não tem vontade de fazer nada, fica deitado
ou vendo TV o tempo todo, freqüentemente a única coisa que faz é
fumar, comer e dormir. Descuida-se da higiene e aparência pessoal. Os
pacientes apáticos não se interessam por nada, nem pelo que costumavam
gostar.
Embotamento afetivo - As emoções não são sentidas
como antes. Normalmente uma pessoa se alegra ou se entristece com coisas boas
ou ruins respectivamente. Esses pacientes são incapazes de sentir como
antes. Podem até perceber isso racionalmente e relatar aos outros, mas
de forma alguma podem mudar essa situação. A indiferença
dos pacientes pode gerar raiva pela apatia conseqüente, mas os pacientes
não têm culpa disso e muitas vezes são incompreendidos.
Isolamento social - O isolamento é praticamente uma conseqüência
dos sintomas acima. Uma pessoa que não consegue sentir nem se interessar
por nada, cujos pensamentos estão prejudicados e não consegue
diferenciar bem o mundo real do irreal não consegue viver normalmente
na sociedade.
Os sintomas negativos não devem ser confundidos com depressão.
A depressão é tratável e costuma responder às medicações,
já os sintomas negativos da esquizofrenia não melhoram com nenhum
tipo de antipsicótico. A grande esperança dos novos antipsicóticos
de atuarem sobre os sintomas negativos não se concretizou, contudo esses
sintomas podem melhorar espontaneamente.
Como reconhecer a esquizofrenia
ainda no começo?
- Dificuldade para dormir,
alternância do dia pela noite, ficar andando pela casa a noite, ou mais raramente
dormir demais
- Isolamento social, indiferença
em relação aos sentimentos dos outros
- Perda das relações sociais
que mantinha
- Períodos de hiperatividade
e períodos de inatividade
- Dificuldade de concentração
chegando a impedir o prosseguimento nos estudos
- Dificuldade de tomar
decisões e de resolver problemas comuns
- Preocupações não habituais
com ocultismos, esoterismo e religião
- Hostilidade, desconfiança
e medos injustificáveis
- Reações exageradas às
reprovações dos parentes e amigos
- Deterioração da higiene
pessoal
- Viagens ou desejo de
viajar para lugares sem nenhuma ligação com a situação pessoal e sem propósitos
específicos
- Envolvimento com escrita
excessiva ou desenhos infantis sem um objetivo definido
- Reações emocionais não
habituais ou características do indivíduo
- Falta de expressões faciais
(Rosto inexpressivo)
- Diminuição marcante do
piscar de olhos ou piscar incessantemente
- Sensibilidade excessiva
a barulhos e luzes
- Alteração da sensação
do tato e do paladar
- Uso estranho das palavras
e da construção das frases
- Afirmações irracionais
- Comportamento estranho
como recusa em tocar as pessoas, penteados esquisitos, ameaças de auto-mutilação
e ferimentos provocados em si mesmo
- Mudanças na personalidade
- Abandono das atividades
usuais
- Incapacidade de expressar
prazer, de chorar ou chorar demais injustificadamente, risos imotivados
- Abuso de álcool ou drogas
- Posturas estranhas
- Recusa em tocar outras
pessoas
A Família do esquizofrênico
- Pesar... "Sentimos
como se tivéssemos perdido nosso filho"
- Ansiedade... "Temos
medo de deixá-lo só ou de ferir seus sentimentos"
- Medo... "Ele poderá
fazer mal a si mesmo ou a outras pessoas?"
- Vergonha e culpa... "Somos
culpados disso? O que os outros pensarão?"
- Sentimento de isolamento...
"Ninguém nos compreende"
- Amargura... "Por
que isso aconteceu conosco?"
- Depressão... "Não
consigo falar nisso sem chorar?"
- Negação
da doença... "Isso não pode acontecer na nossa família"
- Negação
da gravidade... "Isso daqui a pouco passa"
- Culpa recíproca...
"Não fosse por aquele seu parente esquisito..."
- Incapacidade de pensar
ou falar de outra coisa que não seja a doença... "Toda
nossa vida gira em torno do nosso filho doente"
- Problemas conjugais...
"Minha relação com meu marido tornou-se fria, sinto-me
morta por dentro"
- Separação...
"Não agüento mais minha mulher"
- Preocupação
em mudar-se... "Talvez se nos mudarmos para outro lugar as coisas melhorem"
- Cansaço... "Envelheci
duas vezes nos últimos anos"
- Esgotamento... "Sinto-me
exausto, incapaz de fazer mais nada"
- Preocupação
com o futuro... "O que acontecerá quando não estivermos
presentes, o que será dele?"
- Uso excessivo de tranqüilizantes
ou álcool... "Hoje faço coisas que nunca tinha feito antes"
- Isolamento social...
"As pessoas até nos procuram, mas não temos como fazer
os programas que nos propõem"
- Constante busca de explicações...
"Será que isso aconteceu por algo que fizemos para ele?"
- Individualização...
"Não temos mais vida familiar"
- Ambivalência...
"Nós o amamos, mas para ficar assim preferíamos que se
fosse..."
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